Organização tática, jogadores talentosos comprometidos, mescla inteligente entre jovens como Yamal e Nico Williams e Carvajal e Morata e um técnico corajoso, Luis de la Fuente. Vitória mais do que justa contra a amedrontada Inglaterra por 2 a 1. Venceu o futebol
Sete jogos.
Sete vitórias.
Croácia, Itália, Albânia, Geórgia, Alemanha, França.
E, hoje, a Inglaterra ficou pelo caminho.
Atuando da mesma maneira, a Espanha chocou o mundo e chegou ao tetracampeonato europeu.
Disparado o melhor torneio de seleções do planeta.
Se tornou o país mais vencedor no Velho Continente, com quatro conquistas, passando a Alemanha, com três.
O time de Luis de la Fuente foi fiel aos seus princípios, ao que se preparou com consciência, coragem, firmeza, para fazer.
A Federação Espanhola bancou um treinador que veio das categorias de base.
O trauma com as fanfarronices, bobagens do midiático Luis Enrique, que queria ser treinador e influencer, no Catar, com a eliminação nas oitavas, para o Marrocos, foi profundo.
A negativa de Pep Guardiola, melhor treinador do mundo, fez com que os dirigentes enfrentassem a mídia espanhola e apostassem em um coadjuvante.
Luis de la Fuente, que estava desde 2013 trabalhando na base.
Primeiro com a Espanha sub-19, sub-21 e sub-23.
E que já tinha, não por acaso, conquistado duas Eurocopas.
Uma com a sub-19, em 2015 e outra com a sub-21, em 2019.
Além de ter a medalha olímpica de prata, em 2021, perdendo para o Brasil, do presidiário Daniel Alves.
Ao contrário do time de André Jardine, que evaporou, a Espanha seguiu com seu trabalho forte e sério na base.
Quando Luis de la Fuente assumiu o time principal, o foco era claríssimo.
Juntar o tiki-taka, que consagrou o Barcelona de Cruyff e Guardiola, além da Espanha de 2010, de Vicente del Bosque com a responsabilidade, a recomposição, o comprometimento defensivo sem a bola que o treinador de 63 anos viu que faltava.
O selecionado espanhol foi ganhando corpo ao longo destes dois anos, virando as costas às bobagens, ao estrelismo sem objetividade de Luis Enrique.
A consolidação de uma equipe que se assume protagonista, dando espaços para jovens com enorme talento, como Yamal Lamine, que completou 17 anos ontem, e Nico Williams, de 22 anos, com os vividos Carvajal, 32 anos e Morata, 31 anos.
Com todos comprometidos em atuar pelo bem do selecionado, quem tem talento driblando de forma objetiva, sem querer dar ‘shows particulares’, como Neymar e Vinicius Júnior infelizmente fazem com a camisa do Brasil.
Partindo da convicção tática do treinador, que sabe partir da estrutura do 4-3-3, para ter o domínio, a posse de bola, assumir ter potencial, velocidade, compactação e talento para trocar passes na intermediária adversária, encurralando as linhas defensivas, da direita para a esquerda, da esquerda para a direita, complicando a movimentação dos zagueiros. Até encontrar os espaço.
Ou impondo contragolpes velocistas, objetivos, letais.
A Inglaterra, de Gareth Southgate, assumiu não ter repertório para enfrentar os superiores espanhóis.
E, em Berlim, tentou apenas os contragolpes, abrindo mão do talento de Bellingham, Foden, da letalidade de Harry Kane.
Selecionado que parece amaldiçoado. O país que inventou o futebol parece que, se não for absurdamente ajudado, como foi na Copa de 1966, não conquista um título.
Jamais venceu uma Eurocopa. Passou pelo trauma de perder a final de 2020, nos pênaltis, diante da Itália.
E acovardada no 4-5-1, a Inglaterra jogou apenas esperando erros da Espanha para contragolpear, estratégia pobre demais para um time poderoso.
Colocando todo o vigor físico no primeiro tempo, os ingleses conseguiram anular o primeiro tempo da partida.
Travaram os ataques espanhóis e fizeram enfadonha a primeira parte da decisão da Eurocopa.
Mas no segundo tempo, não conseguiram repetir a intensa marcação por conta do cansaço.
E logo no primeiro minuto, Carvajal descobriu Yamal Lamine.
O jovem se aproveitou do mínimo espaço que a zaga inglesa deu e serviu seu grande parceiro Nico Williams.
O chute cruzado foi sem defesa para o excelente Pickford.
Espanha 1 a 0.
Em vez de recuar para sonhar com contragolpes, como a maioria dos times e selecionados do mundo fazem, a Espanha seguiu atacando.
Só não marcou mais gols pelo goleiro adversário e por erros nos arremates de Yamal, que provava ser humano.
Como o futebol é imprevisível, em uma jogada esporádica, a Inglaterra empatou, de forma injusta.
Saka conseguiu encontrar o desgastado Bellingham.
A bola chegou para Palmer, bater com uma precisão incrível, sem chances para Unai Simón.
1 a 1, aos 27 minutos.
O clima em Berlim era espetacular, com as duas torcidas empolgadas.
Só que no gramado, os espanhóis seguiam sua sede por vitórias.
Os ingleses queriam arrastar a decisão para a prorrogação, se contentando em preencher os espaços, marcar.
Só que, em uma jogada mais do que ensaiada, Cucurella cruzou na diagonal, com a certeza que Oyarzabal estaria pronto para desviar a bola para as redes.
E foi o que aconteceu, aos 41 minutos.
2 a 1, Espanha.
Desesperada, a Inglaterra tentou uma blitz física para tentar empatar, em uma bola aérea a final.
E quase conseguiu.
Dani Olmo salvou de cabeça, em cima da risca, a testada de Ghéhi e no rebote, Rice, cabeceou por cima.
Seria injusto demais.
Espanha tetracampeã europeia.
Com toda a justiça.
Uma lição de futebol para o mundo.
Principalmente à CBF, a Dorival Júnior, e a jogadores brasileiros, com enorme talento.
Mas que, egocêntricos, só pensam em si.
E não respeitam a história da Seleção deste país